sábado, 4 de agosto de 2012

Reflexão sobre a prática pedagógica:
Hipertextos no processo de construção da aprendizagem

                                                                        Ivanete Lurdes Buffon[1]

Através deste trabalho procura-se relatar a importância do uso da ferramenta tecnológica, hipertextos, no processo de construção da aprendizagem, bem como alguns exemplos de utilização da mesma na prática pedagógica.
Consciente que a leitura e escrita são de fundamental importância para a aquisição de conhecimentos e valores, busca-se, incansavelmente,  novos meios e ferramentas  para que as mesmas sejam  realizadas com prazer, que possam  oferecer ao leitor/escritor maior compreensão do que está sendo lido e conseqüentemente escrito. Portanto, deve-se  pensar e acreditar nas possibilidades que o uso de  novas ferramentas de informação podem trazer aos leitores/escritores.
O hipertexto apresenta uma participação essencial na atividade educacional. São inúmeras as possibilidades de sua aplicação no processo ensino aprendizagem que, certamente, quando bem utilizados , proporcionarão um avanço ilimitado na aquisição do conhecimento.
Mas, essas inovações tecnológicas vêm se desenvolvendo de uma forma bastante rápida, isso exige dos educadores modificações de suas posturas na apresentação de conteúdos a seus alunos, faz-se necessário um  maior conhecimento na estrutura desse instrumento e suas particularidades para que sua utilização seja efetiva e adequada às necessidades dos alunos.
Além desses conhecimentos, é essencial que o professor tenha os objetivos claros e definidos para mediar o aluno e contribuir na seleção de informações mais relevante sobre o tema, também, orientar esses alunos para um uso mais critico e responsável desta nova modalidade de leitura e escrita. Lévy (1999) defende que o professor na era da cibercultura tem que ser um arquiteto cognitivo e engenheiro do conhecimento; deve ser um profissional que estimule a troca de conhecimentos entre os alunos; que desenvolva estratégias metodológicas que os levem a construir um aprendizado contínuo, de forma autônoma e integrada e os habilitem, ainda, para a utilização crítica das tecnologias.
Assim sendo, constata-se  que  o professor deve se conscientizar que precisa mudar, que precisa aprender, reinventar suas competências e desenvolver novas habilidades. Tem como desafio resgatar o destinatário perdido, a motivação para escrever, a consciência da importância do ler para a formação do ser.
Como já foi ressaltado no fórum, “Vantagens e desvantagens do hipertexto: como amenizar esse impasse?”, não tenho experiência com o hipertexto na sala de aula. Por não ter internet na escola o uso dessa ferramenta torna-se mais difícil. Mas, como trabalhamos com os projetos de pesquisa a maioria de nossos alunos já tiveram contato com os hipertextos em suas pesquisas. O que se ouvia muito dos alunos era o seguinte: "Eu procuro sobre o tema       ( Ex. Eletricidade) só que não aparece o que eu quero, então tenho que abrir outra página por indicação da primeira, isso me estressa" Percebe-se, então que eles ainda não estão preparados para a utilização dos hipertexto e que a nossa mediação e orientação torna-se  fundamental.
Por isso, mais uma vez salienta-se que o papel do professor é o de mediador do processo de construção do conhecimento do aluno. Sua função básica é a de criar as possibilidades para que o aluno torne-se um sujeito pensante. Como afirma Gadotti  “o educador é um mediador do conhecimento, diante do aluno que é sujeito da sua própria formação” ( 1999, P. 129).
Sabe-se que a influência das tecnologias de comunicação e informação na prática pedagógica é evidente. Observa-se que no mundo fora da escola a tecnologia expande potencialidades de abrir novos horizontes para inúmeras atividades humanas e isto, deve ser profundamente valorizado por todos os que estão envolvidos na educação.
O uso do hipertexto, que é um meio ajustado ao mundo dos computadores, permitido o domínio máximo da comunicação, é uma realidade utilizada por muitos profissionais das mais diversas atividades então, como profissionais da educação poderão ignorar essa ferramenta em suas práticas pedagógicas?

Referências

GADOTTI, M. O ciberespaço na formação continuada – educação a distância com base na Internet. Verbo de Minas, Juiz de Fora, v. 1, n.2 p.125-145. 1999.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. Trad. de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34, 1999, 264p.


[1] [ Professora graduada no curso de Pedagogia Anos Inicias pela Universidade de Passo Fundo (UPF,RS)
E-Mail: ivanete.buffon@yahoo.com.br

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Resenha crítica


Hipertexto como um novo espaço de escrita em sala de aula

MARCUSCHI, L. A. . O Hipertexto como um novo espaço de escrita em sala de aula. Linguagem & Ensino (UCPel), Pelotas - RS, v. 4, n. 1, p. 79-112, 2001.

Luiz Antônio Marcuschi possui doutorado em filosofia da linguagem (1976) e pós-doutorado em questões de oralidade e escrita (1987), ambos realizados na Alemanha. É professor titular em lingüística do Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco. Foi um dos fundadores da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Letras e Lingüística (ANPOLL) e seu presidente de 1988 a 1990. Tem várias publicações, muitas delas explorando temas pioneiros na área da lingüística.
Em seu artigo “O Hipertexto como um novo espaço de escrita em sala de aula”,  Marcuschi traz algumas indagações e reflexões sobre o uso do hipertexto nas atividades escolares, reve o papel da escola no letramento e a função do computador no ensino.
Nas primeiras palavras Marcuschi indaga sobre a presença do hipertexto no domínio das atividades escolares em conseqüência da presença do computador na escola que é uma realidade incontornável. Preocupa-se em como desenvolver uma política de letramento conectada a uma nova tecnologia.  Afirma que a entrada do computador e a escolha dos programas acarretarão a introdução de determinados modelos de letramento e a exclusão de outros.
 O autor faz uma abordagem crítica do hipertexto como um novo espaço da escrita. Por ouvir pessoas falarem que o computador é uma forma artificial de produção da escrita, surge à indagação, há uma forma natural da mesma? Apesar de críticas, ele não considera estranho o uso de um novo espaço da escrita, pois, isso vem ocorrendo desde sua invenção. Salienta que está faltando uma maior preparação do leitor para a utilização da realidade virtual que está modificando a noção tradicional do texto.
Marcuschi, nessa exposição dedicou-se a análise de quanto o uso desse novo espaço da escrita afeta as formas de produção e compreensão textual. Faz várias indagações com relação à introdução dessa nova ferramenta de trabalho no ensino, entendendo que a mais  complexa é a que se refere aos processos de produção e compreensão e suas relações comas questões cognitivas.
Ao abordar sobre noções do hipertexto, diz  que o mesmo consiste numa rede de múltiplos segmentos textuais conectados sem ligações lineares, aponta como principal diferença,  com textos lineares, a possibilidades de diferentes escolhas para leituras e interferências online. Destaca como  característica importante do hipertexto a produção colaborativa, ou seja, em grupo.
Define o hipertexto como um processo de escritura/ leitura eletrônica multilinearizado, multiseqüencial e indeterminado.
Evidencia duas tipologias na construção de hipertextos: exploratório, que mantém a autoria original, os usuários são navegadores e construtivo que evapora a autoridade do autor original  e possibilita interconexões e controle do usuário.
Marcuschi chama de stress cognitivo quando é exigida uma sobrecarga do leitor de hipertextos, pois uma leitura proveitosa do mesmo exige um maior grau de conhecimentos prévios e maior consciência quanto ao buscado.
Ao refletir a questão, será o hipertexto um novo espaço da escrita, conclui  que o mesmo não traz um novo espaço para a escrita, mas um novo espaço para a textualização. Diz que esta forma de se escrever tem um fascínio muito grande hoje e parece estar mais a serviço da pouca paciência e do pouco tempo que temos para ler textos longos. Não serve para aprofundamento, pois é de tal forma fragmentária que não consegue sequer saciar a curiosidade, quanto mais a necessidade de conhecimento aprofundado.
Ao se referir sobre a natureza do hipertexto, aponta como principais características: O hipertexto é um texto não linear, volátil, topográfico, fragmentário, de acessibilidade ilimitada, multisemiótico e interativo. Diante dessas características o autor questiona-se, quais as condições da textualidade do hipertexto?
Marcuschi , baseia-se em vários autores para  relacionar texto e hipertexto, e constata que as teorias do texto, tal como as conhecemos, auxiliam na compreensão do funcionamento do hipertexto. A inovação trazida pelo hipertexto não está no uso específico da língua enquanto atividade sócio-cognitiva, mas na sua apresentação virtual.
O autor aborda também, a redefinição de autor e leitor diante desta inovação e diz que o leitor usuário de hipertexto determina não só a ordem da leitura, mas o conteúdo a ser lido.
No artigo, Marcuschi cita a inexistência de um foco dominante ao se referir a não linearidade como principal característica do hipertexto. Mas em uma revisão mais crítica do tema destaca como principal diferença entre texto e hipertexo as maneiras como os leitores controlam o acesso a uma dada peça de informação. Diz que a deslinearização é um processo de construção de sentido muito antigo e normal, não constituindo novidade. A novidade é sua transformação em princípio de construção textual.
Após análise feita sobre o hipertexto e oralidade, o autor enfatiza que, se na escrita impressa, o texto impresso controlava o próprio autor tornando-se dele independente, no caso da escrita com o computador, o autor será o controlador de seu discurso. A consciência das barreiras entre a fala e a escrita vai desaparecendo.
Referindo-se a coerência do hipertexto Marcuschi diz que, para mantê-la deve haver algum tipo de integração conceitual e temática que não se dá como virtude textual imanente, mas como proposta do leitor e como ponto de vista organizador. E conclui que, mais do que um gênero textual, o hipertexto é um gênero de programas computacionais que possibilitam desenvolver seqüências textuais.
No final do artigo Marcuschi traz algumas conclusões, afirma que a leitura do hipertexto é caracterizada como uma viagem por trilhas. Ligam-se nós para formarem-se redes. Conclui que o hipertexto supõe, ao contrário do que se imagina, mais conhecimentos partilhados, mais atenção e decisão constante para que se torne uma leitura proveitosa e produtiva e também exige uma concepção mais interativa para a noção de produção de conhecimento
Em seu entendimento, os desafios mais sérios do hipertexto estão na área da produção e do ensino e não da tecnologia, porque esta já está relativamente clara e seus problemas não são de conceituação.
Julga que a reflexão sobre o hipertexto é também um bom momento para se refletir de maneira mais sistemática sobre o contínuo das relações entre oralidade e escrita e o surgimento de uma série de novos gêneros textuais no contexto da tecnologia eletrônica.
O texto de Marcuschi é escrito fundamentado em pesquisas, reflexões e críticas e, deixa claro que o hipertexto como um novo espaço da escrita em sala de aula exige do professor e aluno um conhecimento bem mais amplo do que o uso de textos lineares. Exige conhecimentos de várias ordens e uma capacidade de relacionar e associar fatos, dados etc. Devemos nos conscientizar que para termos uma leitura proveitosa é preciso preparação e conhecimento prévio do que é buscado. Portanto, a leitura desse artigo é recomendada a todos aqueles que se preocupam e se dedicam a educação como um processo em constantes mudanças.

domingo, 30 de outubro de 2011

Importância da pesquisa na educação

A importância da pesquisa na educação

A pesquisa é um dos princípios relevantes no processo ensino aprendizagem.  Ela nos permite um contato com as realidades estudadas, buscam analisar, interpretar as ações práticas com base em conhecimentos teóricos, ou seja, a construção do conhecimento articulando teoria e prática. De acordo com o conceito elaborado na aula da disciplina de Pesquisa da Prática de Ensino (23/03/2006): “É uma investigação que tem como ponto de partida um problema que, através do processo de coleta e análise de dados, chega a algum resultado”.
 Os trabalhos de pesquisa fazem-nos sentir valorizados e, de fato, participante do  próprio aprendizado, incluindo-nos no processo educativo. De acordo com Freire:


Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que - fazeres se encontra um no corpo do outro. Enquanto ensino, continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade (1996, p. 29).


Diante da fundamental importância da pesquisa é imprescindível que  se pratique pedagogicamente e se  desenvolva  projetos envolvendo as mesmas.

Referências

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 21. ed. Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1989.
___________Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.


NÍVEL V PEDAGOGIA. Conceito da Pesquisa e Prática de Ensino V. Notas de aula, Carazinho, 23 mar. 2006.